domingo, 11 de novembro de 2012

Muganga na polícia. Me engana que eu gosto!

Você sabe o que é muganga (ou munganga)? 

O dicionário virtual Michaelis ensina: mu.gan.ga sf: Careta, momice, trejeito. 

Para adaptar ao contexto policial encare muganga como o mesmo que momice, de acordo com o item 2.

mo.mi.ce sf (momo+ ice):

1 Careta, gesto ridículo, trejeito.
2 Disfarce, hipocrisia.


Em uma cidadezinha com pouco mais de 20 mil habitantes, iguais a outras tantas no Brasil, percebeu-se um aumento significativo no número de roubos a motos, investidas contra o comércio e fazendas locais. A população se manifestou exigindo segurança. Reinvidicação justa, já que dois soldados e uma viatura é pouco para vigiar uma delegacia com alguns detentos, patrulhar a cidade e ainda atender ocorrências. Acontece que a situação não era diferente entre outros municípios e não havia de onde se transferir policiais. Desse modo, não vieram mais homens para colaborar, no entanto, enviaram duas motos para ajudar no policiamento.

Opa! São apenas dois homens para um carro e duas motos, de que vai adiantar essas motocicletas? Como é que é isso hein?

Aí é que entra a muganga. Primeiramente os policiais trancavam a delegacia e seguiam para o patrulhamento nas motocicletas. Após concluir essa primeira etapa eles retornavam, guardavam as motos e saíam para novas rondas – dessa vez utilizando o carro. Pronto! Como diria um tenente amigo meu: - As bases da polícia não é disciplina e hierarquia, e sim, macete e muganga”.

Pela noite – conversando com alguns populares – eles constatam o impacto de sua criatividade.

- Rapaz, a cidade agora está segura. Tem até ROCAM rodando.
- É, pois é… Com esse monte de “puliça” acho que agora a vagabundagem vai dar um tempo.

Pois é, quis através desta história transmitir a realidade do policiamento de muitas cidadezinhas do interior do RN, como Japi, São João do Sabugi, Ipueira, Jardim de Seridó, São Vicente, Lagoa Nova, Bom Jesus, Rio do Fogo e por aí vai...

Conhecendo a realidade dos batalhões não é difícil entender porque diversas vezes atitudes como essa ilustram algumas ações da Gloriosa. Mesmo para quem está de fora desse contexto, é possível perceber como muito do que é feito visa tão somente “enganar”, criar uma sensação de segurança, quase como um “placebo social”. Basta ser um bom observador para descobrir o quanto as polícias fazem mugangas.

Imagine, por exemplo, uma determinada localidade tida como insegura, onde a aparição de qualquer modalidade de policiamento é algo raro (para não dizer lendário). Como consequência desse descaso – e outras omissões do Estado não ligadas diretamente à segurança pública – a região esquecida ignorada é cenário frequente de homicídios, roubos, consumo e venda de drogas, entre outros ilícitos. A situação chega em um ponto que moradores revoltados se manifestam e/ou denunciam seus problemas, conseguindo visibilidade na imprensa. É gritante que uma resposta do poder público seja dada a sociedade. O que fazer para atender a demanda que já não tenha sido feito? E se for tomada alguma medida que “resolva” a questão, por que ela não foi realizada anteriormente? O que normalmente acontece nesses casos é a retirada do policiamento de um lugar “mais tranquilo” (ou que ainda não tenha se manifestado) e colocam no ponto de conflito: a bola da vez. E assim por diante… De acordo com a migração dos índices de criminalidade. Claro que existem alguns lugares que jamais serão prejudicados pela falta de policiamento, seja pela importância econômica do ponto ou pela influência de seus frequentadores.

É fato: para que um local esteja “protegido” outro provavelmente não contará com a mesma atenção. Talvez não seja má vontade ou incompetência de quem comanda, pois não deve ser fácil administrar algo público que envolva relações humanas, escassez de recursos e inúmeras cobranças sem receber condições de trabalho por quem lhe exige soluções. Nessas horas que a malícia brasileira novamente é aplicada dentro das polícias. O jeitinho brasileiro do qual tanto nos orgulhamos é essencial para trabalhar na polícia.


É Coronel, me egana que eu gosto!

CRÉDITOS: diariodeumpm.net
 

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