sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Retrato do DESCASO: Menos de 6% dos BOs viram inquérito

Pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça aponta um dado que pode estar ligado à questão do crescimento da criminalidade no Rio Grande do Norte: somente 5,66% dos Boletins de Ocorrências (Bos) registrados nas 232 delegacias de Natal e do interior são transformados em Inquéritos Policiais.


Os dados levantados em 2012, mas referentes a 2011, apontam que nesse ano foram registradas 75.705 queixas crimes na Polícia Civil do Rio Grande do Norte, mas só 4.285 IPs foram instaurados, dos quais 4.148 foram concluídos. O diretor do Sindicato dos Agentes da Polícia Civil do Estado (Sinpol/RN), Francisco José de Souza Alves, diz que "não é preciso ter acesso a nenhuma pesquisa pra ver o caos em que se encontra a segurança pública do Rio Grande do Norte. Os dados não diferem da realidade atual.

"Tenho 25 anos de atuação como agente da Polícia Civil, mas essa realidade da insegurança pública é frequente e a sociedade norte-riograndense pode fortalecer qualquer pesquisa que se faça sobre essa questão".

Segundo Alves, a tendência da criminalidade é aumentar, por causa da sensação de impunidade dos criminosos, "porque quase não existe inquéritos" e, inclusive aqueles que são concluídos, "a maioria é insatisfatório" em virtude da falta de provas técnicas que comprovem a materialidade do crime. 

Alves explica que, em 2010, o Sinpol fez um estudo e apresentou o relatório à Delegacia Geral da Polícia Civil (Degepol), mas o governo não o levou a sério, "porque o considerou utópico". Francisco Alves ainda disse que para piorar a situação, os coletes disponíveis para a Polícia Civil ganharam o apelido de "baby look", porque são num tamanho só, pequeno, e não se ajusta a envergadura de todos os policiais. "Quando se faz qualquer movimento, só falta enforcar o agente", disse Alves.

Deficit de efetivo dificulta trabalho de investigação

Sem o aumento do efetivo, não tem como a Polícia Judiciária fazer o trabalho de investigação e cumprir o seu papel "de levar os delinquentes à Justiça, segundo o presidente do Sinpol, Francisco Alves. "Não adianta só comprar viaturas novas, se não tem quem dirija ou trabalhe. Hoje, a defasagem é de três mil policiais", disse.

Atualmente, bem diferente dos 9.660 efetivos da PM, um número mais modesto de 1.500 civis estão efetivados nas 232 delegacias da entidade. O titular da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, indicou três possíveis soluções para diminuir a insegurança: ampliação do patrulhamento ostensivo, realização de mais operações de combate ao crime e concentração de esforços em áreas mais críticas. 

Segundo Aldair da Rocha, a polícia civil está com 300 homens passando por treinamento e que em breve eles estarão trabalhando. Ele confirmou que irá se reunir com a governadora Rosalba Ciarlini na próxima semana para discutir a questão da segurança pública no Estado. Quanto aos coletes, ele afirmou que o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério, está a frente de um processo de licitação para a compra de armas, coletes e outros equipamentos.

Reportagem e foto: Tribuna do Norte / Emanuel Amaral

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