sábado, 1 de dezembro de 2012

Cacique Jonnes, ex-guitarrista do Chiclete, vive hoje uma completa situação de abandono e desespero

Salvador - BA. Matéria de Umberto Farias. Produção e Edição: BLOG Comente Comigo.

O Carnatal está chegando e vejo este, como sendo um momento propício a fazermos algumas reflexões. Sabemos que o bloco da banda Chiclete com Banana cobra em média R$ 2000 por um abadá, e ao fim das contas, abandona seu primeiro guitarrista, doente e na miséria.

Abandonado, o primeiro guitarrista e fundador do Chiclete, espera a morte morando de favor em casa de parentes

Olhando apenas a foto acima talvez você não reconheça, mas ele já foi um dos maiores símbolos da alegria e da irreverência no carnaval baiano. Ele é João Fernandes da Silva Filho, o Cacique Jonnes, ex-guitarrista da banda Chiclete com Banana. Ele acreditava estar em uma família, depois de 20 anos junto com os Chicleteiros.

O índio que por 20 anos empunhava a guitarra do Chiclete com Banana, sendo inclusive autor de diversos sucessos da banda, hoje é um homem com 46 anos, pai de uma menina de 15 e que vive de favor na casa de parentes. Com uma aposentadoria que não chega a R$ 1.500,00, onde metade é comprometida com a compra de remédios, ele tenta sobreviver em meio ao caos. Ainda mais triste, é imaginar que com o valor integral de sua aposentadoria ele não conseguiria sequer comprar um abadá da banda que ele fundou e depois foi abandonado.

Sua doença é caracterizada pela falta de coordenação dos movimentos, podendo afetar a força muscular e o equilíbrio. São visíveis os sinais de perda de massa muscular e de dificuldade na fala. Em se tratando de uma doença degenerativa, o cenário é o mais cruel possível. Em poucos meses ele pode perder integralmente sua conexão consciente com o mundo e definhar até a morte. Apesar de um cenário tão caótico seus ex-colegas de banda preferem ignorar o sofrimento de um dos fundadores da banda mais popular da história do carnaval baiano.

De acordo com a reportagem do jornalista Umberto Farias, o golpe dos chicleteiros foi ainda mais cruel do que se imaginava. Segundo reportagem publicada no site da Metrópole FM, no início de 2001, meses antes de se afastar oficialmente da banda, Jonnes foi convocado para assinar diversos documentos – dentre eles uma procuração –, sob o argumento de que isso facilitaria a criação de novos contratos com a gravadora BMG, assim como permitiria a regularização do pagamento de cachês, além do compromisso assumido pelo Chiclete de arcar com todos os custos que a doença pudesse lhe gerar.

Bell Marques ignora as dificuldades de seu ex-companheiro - Confiante no acerto, pois se sentia “lidando com familiares”, e sem suspeitar dos documentos que fora levado a rubricar, Jonnes passou os primeiros meses do afastamento da banda recebendo cerca de R$ 6 mil mensais (o valor dependia da quantidade de shows que a banda realizava), e com as preocupações voltadas unicamente para a sua recuperação. Assim foi até o Carnaval de 2002, quando a banda de Bell homenageou o moço do cocar tocando ‘I want to break free’, do Queen, emocionando os foliões no Campo Grande.

Àquela altura, a “caveira” de Jonnes já havia sido feita na Mazana, empresa que cuida dos negócios do Chiclete. Segundo uma fonte ligada à defesa do guitarrista na época, um ano antes, a procuração assinada por Cacique, fora utilizada para dar entrada numa ação judicial (denominada “lide simulada”, prática considerada fraudulenta por muitos juristas), que consistia numa reclamação trabalhista dele contra a empresa, forçando um “acordo” entre as partes. Em 11/7/2002, sem que Jonnes soubesse o que se passava, o juiz homologou o acordo e, no final das contas, teve direito a mixos R$ 3 mil, a título de “quitação” das dívidas do grupo.

Na prática, Jonnes recebeu uma banana do Chiclete - Após esta manobra jurídica, quando Bell e banda haviam garantido que o Cacique não havia sido demitido, mas apenas afastado temporariamente, o repasse dos R$ 3 mil foi inexplicavelmente interrompido. 

Os jornalistas da época tentaram por diversas vezes contato com os chicleteiros cativos, mas não tiveram êxito. “Bell chegou a ligar aqui para casa, falou com meu pai. Mas disse que não sabia por que o pagamento tinha sido interrompido, que não era com ele”, conta o Cacique.

E hoje, o velho Cacique Jonnes, o moço do turbante do Chiclete, que fizera multidões serem arrastadas atrás do trio e construiu o sucesso do Chiclete, vive esta situação deplorável e anônima, sem  banda, sem amigos e sem dinheiro.

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